juliana rabelo
O carnaval é luz, é cor, magia
“É de fazer chorar
Quando o dia amanhece e vejo o frevo acabar
Oh quarta-feira ingrata
Chega tão depressa
Só Pra Contrariar
Quem é de fato bom Pernambucano
Espera um ano
Para cair na brincadeira
Esquece tudo para entrar no frevo
E no melhor da festa
Chega a quarta-feira”
Bruna chora com facilidade.
A culpa é da quarta feira de cinzas.
Não tinha como ser diferente disso.
O choro da quarta é o preço que se paga pela alegria do frevo. E Bruna freva como ninguém. Sua alegria sozinha dava um bloco. Daqueles em que ninguém perde o passo em quatro dias de folia. Porque para acompanhar Bruna é preciso ser profissional da alegria.
Em 86 a quarta feira de cinzas chegou despretensiosa lá em casa, amanhecendo aos poucos às 5 da manhã, pintando o Capiberibe de vários tons de rosa. Paulo dormia profundamente, após dizer adeus a folia, com as estrelas brincando de perder o brilho mágico da noite no seu rosto. Como uma boa pernambucana Bruna não iria fazer ninguém perder um carnaval. Deixou os quatro dias de magia acontecerem.
Ouviu por entre as batidas do coração o BLOCO DA SAUDADE cantar os seus amores, o EU ACHO É POUCO incendiar as ruas com o seu dragão e o CEROULA viajar ate a lua e voltar. Aguardou pacientemente. Aqueles sons seriam os sons que a definiriam para sempre, traduzindo toda a sua essência. Luz, cor, alegria, independência, autenticidade. Risos e choros. Poesia e razão.
Então ela resolveu nascer depois das 7 da manhã. E o meu mundo nuca mais seria o mesmo. E eu me apaixonei para sempre. Como o carnaval Bruna é toda intensidade. Em Bruna cabem todos os sentimento e qualidades que você imaginar. Ela pode ser doce, meiga, alegre e espontânea. E forte, brava, agressiva e decidida. Seu riso inunda o mundo todo. Quando ela dança o mundo gira com graça e beleza. Quando ela argumenta você entende que é melhor concordar. Quando ela chora você não se controla e da a ela colo, amor e o que mais for preciso.
Bruna carrega em si o mundo todo.
E boa parte de mim.
